Foi naquele pequeno bairro que vivenciei todos os momentos mais felizes da minha vida. E os mais importantes também. Inesquecíveis. Ofegantes. Era por volta das cinco horas de uma tarde fresca de Novembro quando aquilo aconteceu. Eu, Emanuel, Eduarda e Anna brincávamos de esconde-esconde como de costume na pequena praça já bastante danificada quando o que eu nunca imaginava até então ocorreu. Eu estava escondida atrás do pequeno muro da praça quando Emanuel apareceu, e lentamente encostou seus lábios nos meus. O beijo mais incrível e indescritível da minha vida. Emanuel, o garoto mais palhaço e idiota que alguém poderia conhecer, me beijando. Sim, e foram mais vezes, semanas, até chegar o dia da minha despedida. Sinto um enorme aperto no peito quando eu lembro que eu poderia ter feito algo para impedir que tirassem a minha felicidade, arrancassem ela de mim. Mas não, eu ainda tinha aquela mania de riqueza na cabeça, e eu não podia perder aquela oportunidade.
Foi tudo tão rápido. A mudança. Malas. Viagem. Dinheiro. Mansão. Tanta magia me cegou que não tive a capacidade e a coragem de dizer adeus para meus amigos e principalmente, para Emanuel. Parti sem dar explicação alguma. Foi como eu tivesse se desmaterializado, se dissolvido no ar. Meu pai, o Sr. Walter, havia conseguido se firmar na sociedade da empresa e ganhou muitos benefícios. E principalmente, aquilo que as pessoas mais querem: o dinheiro. Era necessário que fizéssemos uma mudança rápida até São Paulo, para facilitar o contato com a empresa. Enfim, mamãe Meg disse que iríamos para uma mansão, como aquela que eu sempre sonhava, onde também, teríamos tanto dinheiro que poderíamos ir ao shopping todos o dias e por isso, eu não deveria ficar triste. É claro que eu não iria ficar triste, era tudo o que eu sempre sonhei e nada e nem ninguém iria impedir que realizassem meu sonho. Nem Emanuel.
No começo, tudo era tão mágico, o que eu sempre imaginei estava se realizando. Todos os dias, à tarde, eu e mamãe íamos ao shopping, tomar aquele saboroso sorvete de chocolate e fazer compras. Como aquelas roupas eram magníficas. Porém, a ilusão um dia deve terminar. Mamãe também começou ir trabalhar à tarde na empresa e agora, todos os dias, fico em frente de um notebook conversando com amigos que nem conheço, e que não me fazem sorrir como meus antigos amigos faziam. Ah, Emanuel. Nem amigos na escola tenho, digo, amigos que realmente se importam comigo, com a minha felicidade. Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca, sossegada como a nossa casa e o trecho da rua em que morávamos. E é isso mesmo que irei fazer, eu preciso fazer alguma coisa, encontrar Emanuel, aonde quer que ele esteja, pedir desculpas pela minha insensatez e recuperar o tempo que perdi com a magia do dinheiro. Estúpido dinheiro.
Continua.
Beijo, luci.
gostei bastanti *-*
ResponderExcluiré você "Lucimara" quem escreveu isso?*------------------------*
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