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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Um copo de arrependimento, por favor - parte VI

Ainda não leu os capítulos anteriores?

- Lisa, acorde. Chegamos.
Acordei assustada, sem saber exatamente o que estava acontecendo. Juro que pensei que tudo isso não era apenas um simples sonho. Ou um pesadelo.
- É aqui que você irá ficar. Pode não ser um lugar muito confortável, mas não é tão ruim quanto passar a noite dentro de um caminhão. Amanhã passo aqui para te visitar, certo?
- Obrigada, Sr. John.
Desci, peguei minhas malas e fui direto ao hotel. A entrada era muito bonita mesmo, fui recebida por lindas flores e pequenas árvores ornamentais. Peguei minha chave. Quarto 235. Belo número por sinal. Os corredores eram bem elaborados e o quarto, um luxo. Pelo menos para mim, nunca me hospedei em um hotel, então não posso dar uma opinião concreta. Mas enfim, a primeira etapa acabou de ser concluída: Chegar em Porto Alegre. Agora, só me resta encontrar Emanuel e toda a minha 'família' que deixei para trás.
Talvez amanhã eu tome coragem e ligue para os meus pais. Mas isso ainda é apenas uma hipótese, claro. Ainda dói quando tento imaginar o que eles estão pensando em relação a mim agora. Acho que nunca mais confiarão em mim, mas tudo bem, se eu alcançar meu objetivo, nada irá impedir-me de ser feliz.
Acho melhor tentar dormir um pouco e esquecer de todos estes problemas que infernizam minha mente. E além disso, amanhã será um dia muito cansantivo. Boa noite.

Continua.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Um copo de arrependimento, por favor - parte V

Ainda não leu os capítulos anteriores?

Já são duas horas da madrugada, a hora em que combinamos. Tenho que tentar sair com o máximo de cuidado para que ninguém acorde e pensem que é algum ladrão, minha mãe morre de medo disso, então, posso chegar a levar algumas pauladas na cabeça sem que percebam que sou eu.
Sair até que foi fácil, mas deixar meus pais sem avisar foi complicado. Nunca fiz isso em minha vida, então não sei como será suas reações. Bom, agora só me resta aguentar horas e horas de viagem.
- Oi Lisa. Entre e fique a vontade. Sabe, considero este caminhão como a minha moradia.
- Oi Senhor...
- John.
- É, John. Obrigada por tudo que o senhor está fazendo por mim.
Legal, estou viajando com alguém que nem o nome eu sabia. Calma Lisa, calma, tudo irá ocorrer bem, tão bem que você nem imagina.
Não faz muito tempo que partimos, e já consigo sentir o sabor da liberdade de que tanto falam. É uma sensação inexplicável de paz, alegria com uma mistura de temor. Temor por não saber o que irá acontecer, ou se isso que estou fazendo é realmente o que eu quero.
Mas o que eu preciso - muito - agora é de descanso. Dormir e sonhar com tudo que está por vir.

Continua.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Morrer é bom?


Desde pequena, Melissa sempre foi uma criança muito meiga e radiante, tinha a capacidade de fazer as pessoas que viviam ao seu redor se sentirem confortáveis e alegres, apesar de apresentar uma doença que estava acabando com sua vida aos poucos. A leucemia. Na verdade, Melissa nunca soube o que realmente estava acontecendo, todas as vezes que ia acompanhada de sua mãe, Dona Sarah, aos exames e à quimioterapia, não tentava esconder a sua expressão de dúvida.
Era em uma sexta-feira nublada quando Sarah recebeu a pior notícia de sua vida. Foi chamada pelo médico responsável pelo tratamento de Melissa que foi breve, porém, cuidadoso para que Sarah não sofresse tanto. Eram os últimos dias de vida da menina de sete anos. O tratamento não estava fazendo efeito e não havia mais nada a fazer. Apenas esperar, até a morte chegar de viagem.
Sarah chegou abalada em casa, deixando lágrimas escorrerem de seu rosto. Melissa, questionando o porquê de tanta tristeza, não recebia respostas. Mas sentia, que todo aquele sofrimento era por causa dela. A menina então, juntou as duas mãos e rezou, rezou, até dormir...
- Melissa meu amorzinho, acorde, tenho algo para mostrar à você.
Abrindo os olhos com dificuldade e sentindo sua fraqueza, Melissa percebeu que sua mãe tinha uma enorme caixa em mãos e que esboçava um sorriso em sua face.
- O que é isso mãe? - perguntou a criança com um tom de curiosidade em sua voz.
- O que está dentro disso minha filha, é toda a sua vida.
- Toda minha vida mãe? Como pode caber toda a minha vida dentro desta caixa?
A mãe deu um pequeno riso e abriu a caixa misteriosa. Curiosa, Melissa sentou na cama com cuidado e ficou encantada com tudo que viu ali dentro. Realmente, sua vida estava guardada lá. Todos os seus brinquedos, todas as suas roupas de quando ainda era um bebê estavam muito bem organizados dentro da caixa, inclusive sua primeira mamadeira. Sua mãe lhe explicou que todos nós deveríamos ter uma caixa para guardar nossos melhores momentos. Assim, quando não estamos bem, abrimos a caixa e revivemos todos aqueles momentos bons, nem que seja por alguns minutos.
- Mamãe, então estamos passando por algum momento difícil?
- Não minha filha, só achei que estava no momento certo para lhe explicar e mostrar tudo isso. - a mãe mentiu, tentando impedir o choro, que por infelicidade, deixou escapar uma única lágrima.
- Por acaso você está chorando mãe?
- Não filha. - Sarah então, passou a mão na cabeça de Melissa, fechou a caixa e a pôs em um canto e saiu do quarto deixando fluir as lágrimas que tanto lutou para segurar.
Mas Melissa não era daquelas que se deixa enganar facilmente, ela sabia que algo, dentro dela, não estava bem.
Dias se passaram e Melissa se sentia cada vez mais fraca, não conseguia mais se sentar à cama para rever junto com sua mãe os objetos guardados na caixa, que lhe faziam tão bem. Durante as noites, Melissa também percebia que sua mãe se sentava na cadeira de balanço e ficava ali, até adormecer. A menina se sentia tão mal por estar fazendo sua mãe sofrer tanto, que chegou pedir aos céus para que lhe levassem, e acabassem com esse sofrimento logo. E isso não demorou muito...
Tudo aconteceu em uma noite bastante fria, alguns dias antes do inverno. Naquela noite, Sarah não dormiu no quarto da menina e isso fez com que ela se sentisse mais culpada. Mas eu fui rápida e muito cuidadosa. Não, não sou a morte e não sou feia e horripilante quanto ela. Quando chego, os humanos costumam me confundir com fadas e se encantam tanto que não é complicado convencê-los a irem comigo. E foi justamente isso que aconteceu com Melissa.
A menina me viu saindo da caixa onde a vida dela estava guardada e em um primeiro momento ficou assustada. Tentou gritar, mas não adiantou. Ofereci minha mão para que ela me acompanhasse e ficou surpresa quando percebeu que havia conseguido levantar da cama, onde não conseguia à dias. Estendeu sua mão que se uniu à minha, e, pela última vez, olhou para trás, e viu seu miúdo corpo encolhido na cama. Esperei, até que sua atenção voltasse para mim, e a levei, em direção àquela caixa, onde seria a porta de entrada para a sua nova vida.
Finalmente, o desejo que consumia aquela menina naqueles últimos dias havia se realizado. Deixar o mundo onde viveu por sete anos e fazer com que a sua mãe seguisse a sua vida livremente, sem que ninguém impedisse. Nem a própia Melissa.

Pauta para a Edição Visual - Projeto Bloínquês

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um copo de arrependimento, por favor - parte III

Ainda não leu os capítulos anteriores?

Bom, pelo menos a Cassie prestou para alguma coisa. Tive a obrigação de pedir desculpas à ela. Como ela pode ter me ajudado depois de eu ter soltado todas aquelas palavras grosseiras? Enfim, EU VOU CONSEGUIR ENCONTRAR EMANUEL, ou pelo menos conseguir ir até Porto Alegre tentar encontrá-lo. Um parente muito próximo de Cassie irá fazer uma entrega na minha cidade natal no fim deste mês e eu poderei ir junto. Tudo já está organizado, Cassie já combinou com o seu familiar e eu só terei que arrumar minhas coisas e esperar a data chegar. Garanto que serão longos estes dias. Dez longos e cansáveis dias...

Estes dias que estão antecedendo a viagem estão sendo muito complicados para mim, ainda mais que a minha família está em uma fase muito boa. Nunca vi mamãe e papai tão felizes e carinhosos comigo, já faziam meses que eles não ficavam assim. Até parece que eles estão sabendo de alguma coisa e não querem me deixar partir e isso está me preocupando, porém, não posso me abalar e desistir da viagem, minha paz só vai ficar completa quando Emanuel estiver ao meu lado, me amando, como nunca amou ninguém. Bom, se ele amou outro alguém. Faltam apenas cinco dias e toda a vez que eu penso nisto meu coração dispara, não consigo definir se é por felicidade, preocupação, ansiedade, deve até ser uma mistura de todos estes sentimentos, o que até me parece bom. Ou não.

Faltam apenas dois dias, e eu tenho que começar arrumar as minhas coisas. Pode parecer simples, mas tenho que tomar cuidado para que minha mãe não perceba a falta de algumas roupas de meu armário antes de partir, caso contrário, terei que fazer papel de mentirosa também.
'Não é isso que você está pensando mãe, peguei estas roupas para levar à costureira.' Não, não seria uma boa desculpa.
'Mãe, estas roupas são para a doação.' Não, não serviria também, mamãe me conhece, ela sabe que eu não doaria essa quantidade de roupas. Bom, mas eu tenho que esquecer isso e só me focar na viagem. Não tenho do que me preocupar, minha mãe não desconfiará de nada, ela dificilmente vem até meu guarda-roupa, porque viria justo nestes dois dias? Ah, apenas dois dias...

Continua.

sábado, 17 de julho de 2010

Um copo de arrependimento, por favor - parte II

- Cassie, deve existir um jeito para eu ir embora daqui sem meus pais perceberem.
- Você tem certeza que quer realmente fugir e largar tudo? Pense na sua faculdade Lisa.
Cassie não é exatamente minha amiga, ela é apenas uma conselheira. Ela foi a única garota da turma da faculdade a vir falar comigo quando eu comecei a ficar louca pensando na hipótese de ir atrás de Emanuel. Sim, porque a partir do momento que comecei a pensar nisso eu ia às aulas com uma aparência horrível e com a cara sempre fechada, sem um pingo de simpatia. É, e por isso, todos se afastaram de mim. Viu, agora vocês puderem confirmar a minha afirmação sobre as 'amizades' daqui.
- É só trancar a faculdade Cassie! Quando eu voltar com Emanuel, eu continuo.
- Lisa, e se ele já estiver comprometido com outra pessoa e não quiser mais você? Olhe amiga, talvez para ele, tudo o que vocês passaram juntos, tenha sido apenas uma paixão de adolescentes. Passageira.
Eu não acredito que Cassie falou uma coisa dessas para mim. Imagine, Emanuel não me querer mais? Paixão de adolescente? Nunca. Pequena nota: por acaso ela me chamou de amiga? Humpf.

O restante da minha conversa com Cassie não foi nada atraente, portanto, achei melhor não escrever. Será que ela pensa que pode mudar a minha opinião e o meu objetivo? Ok ok, tudo está sob controle, apesar de eu ter perdido uma aliada. Não, não irei cometer crime ou qualquer coisa do tipo, só quero arranjar um jeito de encontrar Emanuel e se possível, Anna e Eduarda. Apesar de tanta empolgação, sinto meu coração expremer quando penso que terei que mentir para os meus pais, deixá-los aqui se preocupando comigo pela bobagem que a filha fez. Porém, não há outra maneira, se eu pedir ajuda, com certeza esfregarão um não na minha cara. Até consigo imaginar: "Você está ficando louca minha filha? Ir atrás de um babaca que nem deve mais lembrar de você? Ah, vai fazer algo de útil e não venha mais nos incomodar com esse assunto." ou ainda pior que palavras: o silêncio. Sim, soltar uma pergunta ao vento e não obter resposta é pior do que receber um não. Você fica feito bobo, sem saber o que a pessoa está pensando sobre você. Já, se você receber um não, basta tentar se conformar ou arranjar outro jeito para alcançar seu objetivo... Enfim, pedir ajuda aos meus pais está fora de questão. Nunca. Jamais.
 O telefone toca.
- Alô?
- Lisa, é você?
- Cassie, por favor, já não cansou de brigar hoje?
- Não quero brigar com você. Liguei para pedir desculpas e dizer que consegui um jeito de você ir à Porto Alegre.
- Você está falando sério ou é só uma maneira para eu perdoar você?
- Lisa, você acha mesmo que eu brincaria com uma coisa dessas?
Neste momento, senti o resto de esperança que sobrara envolver meu corpo.


Continua.
tchau, luci.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Um copo de arrependimento, por favor

Sempre sonhei em ter tudo de mais glamuroso que poderia existir. Uma enorme casa, fama, belíssimas roupas, dinheiro, muito dinheiro. Era ainda 2003 e eu já invejava minhas colegas da quinta série, por terem roupas bonitas, sapatos sempre da última moda, cabelos macios como pêssego. Naquela época, meus pais estavam investindo em uma sociedade com uma empresa que hoje, é muito conhecida. Nós ainda morávamos em um bairro muito simples de Porto Alegre, em uma pequena casa lilás rodeada por uma meiga cerca branca. Apesar da nossa simplicidade, sempre estávamos cercados de amigos. Amigos que nunca mais tivemos...
Foi naquele pequeno bairro que vivenciei todos os momentos mais felizes da minha vida. E os mais importantes também. Inesquecíveis. Ofegantes. Era por volta das cinco horas de uma tarde fresca de Novembro quando aquilo aconteceu. Eu, Emanuel, Eduarda e Anna brincávamos de esconde-esconde como de costume na pequena praça já bastante danificada quando o que eu nunca imaginava até então ocorreu. Eu estava escondida atrás do pequeno muro da praça quando Emanuel apareceu, e lentamente encostou seus lábios nos meus. O beijo mais incrível e indescritível da minha vida. Emanuel, o garoto mais palhaço e idiota que alguém poderia conhecer, me beijando. Sim, e foram mais vezes, semanas, até chegar o dia da minha despedida. Sinto um enorme aperto no peito quando eu lembro que eu poderia ter feito algo para impedir que tirassem a minha felicidade, arrancassem ela de mim. Mas não, eu ainda tinha aquela mania de riqueza na cabeça, e eu não podia perder aquela oportunidade.
Foi tudo tão rápido. A mudança. Malas. Viagem. Dinheiro. Mansão. Tanta magia me cegou que não tive a capacidade e a coragem de dizer adeus para meus amigos e principalmente, para Emanuel. Parti sem dar explicação alguma. Foi como eu tivesse se desmaterializado, se dissolvido no ar. Meu pai, o Sr. Walter, havia conseguido se firmar na sociedade da empresa e ganhou muitos benefícios. E principalmente, aquilo que as pessoas mais querem: o dinheiro. Era necessário que fizéssemos uma mudança rápida até São Paulo, para facilitar o contato com a empresa. Enfim, mamãe Meg disse que iríamos para uma mansão, como aquela que eu sempre sonhava, onde também, teríamos tanto dinheiro que poderíamos ir ao shopping todos o dias e por isso, eu não deveria ficar triste. É claro que eu não iria ficar triste, era tudo o que eu sempre sonhei e nada e nem ninguém iria impedir que realizassem meu sonho. Nem Emanuel.
No começo, tudo era tão mágico, o que eu sempre imaginei estava se realizando. Todos os dias, à tarde, eu e mamãe íamos ao shopping, tomar aquele saboroso sorvete de chocolate e fazer compras. Como aquelas roupas eram magníficas. Porém, a ilusão um dia deve terminar. Mamãe também começou ir trabalhar à tarde na empresa e agora, todos os dias, fico em frente de um notebook conversando com amigos que nem conheço, e que não me fazem sorrir como meus antigos amigos faziam. Ah, Emanuel. Nem amigos na escola tenho, digo, amigos que realmente se importam comigo, com a minha felicidade. Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca, sossegada como a nossa casa e o trecho da rua em que morávamos. E é isso mesmo que irei fazer, eu preciso fazer alguma coisa, encontrar Emanuel, aonde quer que ele esteja, pedir desculpas pela minha insensatez e recuperar o tempo que perdi com a magia do dinheiro. Estúpido dinheiro.

Continua.
Beijo, luci.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Enquanto a neve cai - capítulo 4

30 de junho de 2010,
Querido diário, oi.
Bom, as coisas melhoraram um pouco nos ultimos dias. Me sinto bem e feliz novamente.
Ontem tive um surto e digitei uma carta. Imprimi e mandei a mesma carta para 12 pessoas. Na carta tinha a mesma ladainha de sempre, explicando e pedindo desculpas. Agora só me resta a ultima carta a escrever e quero mandá-la para alguem de outra cidade. Quero caprichar mesmo.
Vou escreve-la agora e pretendo descobrir alguem legal para mandar.
Vou dormir, porque já está tarde e amanhã tenho prova de física. Beijos.


30 de junho.
Oi diário.
Hoje foi mais um dia monótono, sem nenhuma novidade. Cheguei da escola e logo liguei o computador, precisava muito falar com a Cláudia, já fazem três dias que ela não apareceu na aula, estou ficando muito preocupada por isso. Embora seja normal da Cláudia faltar aula, ela não entrou no msn e isso sim, é raro. Mais tarde irei ligar pra ela, ver se está tudo bem. É, tirando isso, acho que não tenho mais nada pra falar, eu já te disse diário que minha vida está uma droga? Viu, agora você pode confirmar isso. Tchau, Jenni.

domingo, 20 de junho de 2010

Enquanto a neve cai - Capítulo 3

20 de junho!
Cansei de assistir jogos de futebol, resolvi vim escrever um pouco em você diário. Agora com a Copa, nada que preste passa na televisão, o lado bom disso tudo é que tenho uma desculpa para ficar mais tempo no computador ou para sair com meus amigos. Poisé, amigos. Parece estranho não? É, estou começando a acreditar em horoscópos, li esses dias atrás que as coisas voltariam ao normal, e isto realmente está acontecendo. Estou me sentindo mais animada, mesmo com este frio infernal. Vivia dizendo que amava inverno, mas estou começando a me questionar se isso é mesmo o que eu sinto. Tudo bem, gosto do inverno pra ficar encolhida, embaixo das cobertas, tomando o delicioso chocolate quente que vovó Deodora prepara especialmente para mim. Ok, me achei agora. Ah, o telefone está tocando e ninguém se prontifica a atendê-lo, vou ver quem é.
Beijos, Jenni.

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20 de Junho de 2010
Querido diário,
estou precisando muito quebrar alguma coisa. Muito mesmo. Mas como ainda não tenho um saco de boxe e não posso quebrar nada em casa porque a minha mãe enlouquece, me tranco no quarto e venho escrever.
Bom, pra variar na escola estou sendo excluida, só que mais do que o normal e isso está me assustando.
A única que permanece me aguentando é a Carol, o que eu não sei se é bom ou ruim. Ela não pára de me cobrar as cartas e quase me deu um murro quando eu disse que não ia continuar com isso.
Por isso acabei de mandar a infeliz e decepcionante 2ª carta. Foi na realidade uma cópia da primeira e não me envergonho disso. Não sou uma génia criativa.
Dessa vez mandei a carta pra uma casa muito linda que fica do outro lado do bairro. Eu não sei quem mora lá.
Segunda carta:
Oi, você não me conhece e eu não te conheço. Eu não estou mandando essa carta porque quero, ao contrário, se eu pudesse eu estaria dormindo ou fazendo outra coisa agora. Mas como eu sou idiota e perdi uma aposta, tenho que mandar 15 cartas para 15 desconhecidos. Essa é a segunda carta que eu mando, não precisa responder. Ah, a sua casa é a casa mais linda que eu já vi e foi por isso que decidi mandar a carta para você. Desculpe o incômodo, eduarda.
Ah, sim, eu sei que eu assinei como Eduarda e eu também me surpreendi com isso. Não sei o que me deu, mas quiz assinar assim e foi.
Agora minha mãe está gritando porque o som está muito alto. Como se eu não soubesse disso. Só não sei porque a incomoda, pra mim é como um calmante muito eficiente, por sinal.
Harry Potter e As Reliquias da Morte está gritando para mim e vou lê-lo novamente agora. Sempre me acalma. Beijos, duda.

sábado, 12 de junho de 2010

Enquando a neve cai - capítulo 2

12 de junho de 2010
Querido diário,
Já prolonguei demais esse momento, então hoje decidi mandar a carta que eu escrevi a uma semana atrás. Mandei para uma casa na rua da minha escola. Na carta diz o seguinte:
Oi, você não me conhece e eu não te conheço. Eu não estou mandando essa carta porque quero, ao contrário, se eu pudesse eu estaria dormindo ou twittando, agora. Mas como eu sou idiota e perdi uma aposta, tenho que mandar 15 cartas para 15 desconhecidos. Essa é a primeira, sinta-se privilegiado... ou não. Não perca seu tempo me respondendo. Tchau, duda.
Eu acho que fui um tanto grossa, mas tô nem ai.
Beijos, duda.


12 de junho.
Hoje a minha amiga, Anna, me ligou convidando para a ir na porcaria da festa junina no clube aqui perto de casa. Ela sabe que eu odeio festas, inclusive esse tipo de festinha capenga. Minha vida continua um lixo, estou até pensando em sair de casa, dar umas voltas por este mundo gigantesco. Sinceramente, eu sei que todas as famílias tem problemas, porém, não existe família alguma que tenha mais intrigas do que a minha. E pra piorar as coisas, minha irmazinhã, Clara, insiste em me provocar. Eu juro que ainda eu vou dar um jeito nesta menina, meus pais a mimaram demais. Só quero ver quando esta garota crescer, ela não vai conseguir nem ir à padaria sem ter alguém acompanhando-a. Poisé, se continuar assim, o mundo irá se tornar um caos. Bom, acho que mais nada de interessante aconteceu hoje, sendo assim, não tenho mais motivos para continuar escrevendo aqui, acho que vou terminar de ler meu livro para o trabalho de português. Tchau, Jennifer.

domingo, 6 de junho de 2010

Enquanto a neve cai - capítulo 1

Querido diário, 5 de junho

- VIU! ganhei, rá! Pode ir escrevendo as cartas.

- Eu não vou fazer isso.

- Ah, você vai sim. Ou eu leio seu diário pra escola toda.

E foi assim que a carol me obrigou a mandar 15 cartas para 15 desconhecidos. O fato é que eu não tenho idéia do que vou escrever nas cartas. Na realidade não sei aonde estava com a cabeça de aceitar uma aposta assim. É que eu tinha taaaanta certeza que dessa vez iriam pegar ela colando em história -Q
Vou escrever a primeira carta agora.
Beijos, duda.

-

5 de junho,
oi diário.

Meus dias andam cada vez piores. Eu não entendo porque todo mundo me olha com ar de desprezo. Eu não fiz nada para eles. Ou será que fiz? Me sinto cada vez mais só, hoje por exemplo, fiquei sozinha no intervalo da aula de inglês. Será que eu devo perguntar o por quê disso tudo? Não, melhor não, as coisas acabarão piorando. Mas o que devo fazer então? Ah, se você falasse diário, você seria meu melhor amigo, ou melhor, você seria minha vida, minha outra metade. Sim, porque todo mundo me abandonou, e você, continua aqui, no meu quarto, dentro da pequena cômoda marfim. Aliás, eu deveria arranjar um lugar mais especial para guardar você, pois, uma cômoda marfim? Não é um lugar digno para alguém que sabe de tudo da minha vida, guarda todos os meus segredos.

- JENNIFER! VENHA AQUI, AGORA!

Ótimo, minha mãe sempre diz que não devo ficar gritando como uma louca pela casa, mas ela pode, claro, só porque diz que é a dona da casa. Mas tudo bem, vou ir ver o que ela quer.
Beijos, Jenni.